Agora
preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas
medo.
Sei
que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o
instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor.
* * *
A tua não é a
única solidão.
A
Terra se encontra repleta de pessoas que, por uma ou outra razão, foram
conduzidas à solidão.
Este
fugiu do mundo, receando agressão, marcado por dores íntimas que o acompanham
desde a infância.
Esse
se afastou do convívio social por haver sofrido o que considera uma injustiça.
Aquele
se deixou cair na depressão e buscou o seu mundo íntimo, onde se refugia,
fechando a porta à solidariedade.
Este
outro, temendo não ter forças para resistir ao contato com as pessoas,
transferiu-se para as montanhas e praias da meditação, afastando-se de todos.
Mais
alguém, cansado da batalha diária, renunciou ao movimento geral e aquietou-se,
quase se alienando.
A
tua solidão, porém, é feita de amargura, porque, no meio dos indivíduos felizes
e atraentes, ninguém tem tempo para ti, nem despertas a amizade ou
interesse de alguém.
Esta
situação afligente é causa de martírio. No entanto, reconsidera a situação e
acerca-te do teu próximo.
Ele
talvez se encontre em estado parecido com
o teu.
Não
é feliz, apenas parece.
Faz
ruído para disfarçar o que se passa na sua
intimidade.
Chama
a atenção por necessidade e, preocupado com os próprios problemas, não dispõe
de capacidade mental e emocional para identificar os teus.
Aproxima-te
dele, com discrição e bondade, constatando que doar afeto é recebê-lo.
Toda
oferta espontânea se transforma em intercâmbio, no qual cada um reparte um
pouco daquilo de que dispõe.
Mesmo
que o vazio interior permaneça, busca preenchê-lo
com a ação positiva pelo outro. Verificarás que o bem
que ofereces e que gostarias de receber, já se encontra em ti.
* * *
Alguns momentos de
solidão são necessários na nossa vida. Todos precisamos desses momentos a sós.
Para nos recompormos. Para nos fortalecermos na oração.
Somos seres
plenos. Manter este contato íntimo com nossa essência é fundamental.
Somos seres
inteiros e repletos de tesouros inexplorados.
Conhecermo-nos,
nos desvendarmos e então nos amarmos.
Porém, devem ser
momentos, apenas. Não queiramos viver na solidão.
Ela é perigosa, é
viagem no vazio, e por isso muitas vezes, difícil de nos desvencilharmos dela.
Somos seres
sociais. Nossa felicidade é conquistada com o semelhante.
Quando nos doamos,
recebemos. Quando preenchemos o vazio alheio, nos enchemos de significado.
Solidão por vezes
é fuga, é desequilíbrio, é adiamento de encararmos que o inevitável para
vivermos é conviver.
Não permitamos que
a solidão tome conta, tome o controle, seja protagonista dos nossos dias.
Viver é coletivo e
não apenas individual.
Viver é nos
doarmos para nos plenificarmos.
Pensemos e vivamos
isso.
Redação do Momento
Espírita, com base no cap. 10, do livro Momentos de
Alegria, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. LEAL e frases do livro A paixão segundo G. H., de
Clarice Lispector, ed. Rocco.
Em 10.11.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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