O professor estava
no portão da Universidade quando foi abordado por um dos seus alunos do último
ano da Faculdade de Medicina.
De forma
repentina, o jovem lhe disse: Professor, minha formatura será no dia 18
de dezembro. Quero que o senhor saiba de uma coisa.
Sempre
gostei da forma como conduz com humanidade o seu ensino. Por isso, eu quero lhe
confidenciar um projeto que acalento desde algum tempo.
Sabe,
quando eu nasci, fui abandonado pelos meus pais. Fui criado pelos meus tios.
Nunca
perdoei minha mãe e meu pai por me rejeitarem. Então, no dia da minha
formatura, pretendo dar um presente para eles: vou me matar.
Vou
deixar um bilhete muito bem escrito, culpando-os pelo meu gesto. Quero que eles
sofram, que sintam remorso pelo que fizeram.
O professor
tremeu. Esqueceu o compromisso que tinha, esqueceu de quem o esperava em algum
lugar para o almoço.
Ali estava um
jovem que iria destruir a sua vida, pensando em uma vingança. Dr. Laércio o
chamou para um lugar mais reservado.
E a primeira
pergunta que lhe dirigiu foi:
Meu
filho, você diz que planejou se matar no dia da sua formatura, para castigar os
seus pais porque eles o abandonaram.
Mas,
você pensou nos seus tios? Pensou em como despedaçará os seus corações, eles
que o acolheram desde o nascimento, que lhe deram carinho, que lhe ofereceram o
regaço de pai e mãe?
Imaginou,
por um minuto que seja, a dor que estraçalhará as suas vidas? Eles investiram
amor em você, eles se sacrificaram para que você pudesse cursar a Faculdade.
Pensou
em como eles devem estar aguardando, ansiosos, para assistirem a sua colação de
grau? E você pensa em lhes oferecer o seu cadáver?
À medida que o
professor falava, o rapaz foi se encostando na parede da sala e, devagarinho,
foi arqueando as pernas, até se sentar no chão.
Lágrimas lhe
corriam pela face. Soluços lhe sacudiam o corpo.
A conversa se
estendeu e, quando foi concluída, o formando desistira da ideia suicida.
* * *
Assim acontece,
muitas vezes, com algumas almas infelizes. Arquitetam a própria morte por
vingança, porque desejam ferir alguém.
De outras vezes,
porque sentem tanta dor que pensam que destruindo a vida, acabarão com a dor.
Enfim, muitos
motivos existem para a fuga enganosa pelo suicídio.
Porém, de modo
geral, aquele que isso planeja não pensa no coração de mãe que se despedaçará
ao ter o corpo do filho morto nos braços.
No coração do pai
que sonhou tanta felicidade para aquele filho e agora lhe acompanha o corpo ao
cemitério.
Irmãos, primos,
tios, avós, amigos, colegas, todos são envolvidos na tragédia. E, para alguns
deles, o abalo será tão grande que demorará muito para se restabelecerem
psiquicamente.
* * *
Bom, graças a um
professor que se dispôs a ouvir e a conversar, passados dez anos, o reencontro
de ambos foi emocionante.
Um era o velho
mestre, à beira da aposentadoria, o outro um cirurgião cheio de planos, vigor e
alegria de viver.
O abraço de ambos
foi longo e, com a voz embargada, o ainda jovem segredou ao ouvido do seu
salvador: Obrigado, professor, pela minha vida.
Obrigado,
por me recordar da gratidão que eu devia e deverei sempre aos que me acolheram
como filho.
Redação do Momento
Espírita, com base em fato.
Em 17.11.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
҉
Nenhum comentário:
Postar um comentário