Giselda se sentiu
realizada ao ingressar no curso de enfermagem.
No sorteio para
determinar o local do estágio, percebeu que o posto para onde iria era muito
distante.
Não importava, ela
queria mesmo era ser uma enfermeira qualificada e fazer o melhor que pudesse.
Decidira observar
bem as ocorrências, preparar um diário, pois sabia ser importante ter tudo
anotado para rever mais tarde.
Seu primeiro dia
foi inigualável. Ela se viu mergulhada num mundo de necessidades de toda ordem,
jamais imaginadas.
E as páginas do
seu diário registraram as suas impressões.
Neste
dia, eu vi...!
Vi
gestantes moradoras de rua chegarem envergonhadas pela sua higiene
precária, e vi técnicos e enfermeiros ajudando-as a fazer uma higiene geral e
caprichada.
Mais
tarde, com seus bebês nos braços, essas mães agradeciam aos profissionais o
fato de poderem estar limpinhas para amamentá-los.
Eu
vi uma enfermeira fingir ser a mãe de uma senhora com Alzheimer, em seus piores
dias, quando a mesma pedia perdão à sua mãe.
Com
um carinho indescritível, a enfermeira respondia que a perdoava e a amava
muito. E vi a mais linda cena de gratidão no abraço entre essa "mãe e
filha".
Eu
vi técnicos de enfermagem completamente sujos de vômito segurando a cabecinha
de uma criança, para que ela não se afogasse, enquanto sofria uma crise.
Eu
vi enfermeiros levantarem um paciente com o dobro de seus pesos e darem banho
nele, para que se sentisse melhor e mais refrescado.
Eu
vi um natimorto ser pego pela enfermeira com extremo cuidado, lhe dar um banho
quentinho, vestido sua roupinha, ajeitado seu cabelinho, para que a mãe o visse
limpo e bonito.
Vi
enfermeiros buscarem servidores religiosos para oferecerem conforto aos seus
fiéis "in extremis".
Vi
um enfermeiro, na emergência, arriscar a própria segurança, se jogando para
amparar um paciente que estava desmaiando, impedindo-o de cair ao chão e sofrer
um possível traumatismo craniano.
Mas o que mais
forte e claramente vi e senti, era o que ocorria no meu interior.
Eu me vi, várias
vezes, nesse dia, intimamente transportada para um mundo vivo, movimentado,
diferente do que estava acostumada, e nem tinha vontade de retornar à rotina
anterior.
Confesso que minha
vontade naquele dia era arregaçar as mangas e entrar o quanto antes para aquela
faina que me apaixonava.
Um labor que me
arrancava da minha indiferença frente à realidade vazia lá de fora e me fazia
sentir uma imensa vontade de integrar aquela equipe.
Perdoem-me
a pouca modéstia, mas se existe profissão mais humana e honrada que a
enfermagem, eu desconheço.
* * *
Passaram-se os
anos.
Reencontrando seu
diário, a enfermeira se emocionou ao ler seu conteúdo.
Como houvesse
algumas linhas em branco, não resistiu e anotou:
Assim
que comecei a me dedicar à minha escolhida profissão, senti que houvera
renascido dentro da vida que tinha.
Se
antes sonhava em ser e fazer, depois eu fui e fiz!
Hoje,
aposentada, cansada, agradeço a Deus ter sido uma enfermeira que nunca fugiu da
luta.
Deus
abençoe todos os servidores da saúde.
Redação do Momento
Espírita, com
base em texto de autoria ignorada.
Em 20.3.2021
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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