Um mestre e seu discípulo andavam por uma área rural, praticamente desabitada. O mestre tentava lhe ensinar que tudo que nos acontece ou que está diante de nós, na realidade, apresenta uma oportunidade de aprendizado e crescimento, independentemente do assunto a que se relaciona.
Passando ao lado de um sítio de aparência simples e descuidada, o discípulo
concordou com o mestre, observando que, apesar do lugar lindo e paradisíaco em
que estavam, aquele sítio pobre indicava a miséria em que viviam aquelas
pessoas.
O mestre,
repreendendo-o por simplesmente observar aquela situação e não procurar
entender suas causas, sinalizou que entrassem e conversassem com seus
moradores. Foram recebidos na entrada da porteira por um casal e seus filhos
pequenos.
Observaram, sem
qualquer esforço, que se vestiam com roupas sujas e castigadas pelo tempo, e
aparentavam um sentimento de desânimo e frustração.
Questionados pelo
mestre sobre como viviam num lugar ermo e desabitado como aquele, sem qualquer
sinal de civilização como comércio e outras comodidades, o homem respondeu:
- Nós temos uma vaca que produz diariamente
alguns litros de leite. Uma parte desse leite, utilizamos para nosso próprio
consumo e o restante vendemos ou trocamos por outros produtos que nos faltam,
na cidade vizinha.
Após algum tempo
ali conversando, o mestre e seu discípulo finalmente se despediram e foram
embora, não sem que antes o mestre incumbisse o discípulo de uma inusitada
missão:
- Empurre
a vaca do sitiante precipício abaixo, ordenou-lhe o mestre.
O discípulo, que
tentou de todas as formas convencer o mestre de que a vaca era o único meio de
sobrevivência daquela pobre família, por fim, sem alternativa, concordou e
atirou-a morro abaixo, matando a pobre vaquinha imediatamente.
Passados muitos
anos e sem conseguir se perdoar da atrocidade que cometera, o discípulo, agora
um muito bem-sucedido homem de negócios, voltou àquele lugar para, finalmente,
reparar seu erro. Contaria exatamente o que fizera anos atrás e, além de
implorar-lhes Perdão, os retribuiria financeiramente pelo mal que certamente
provocara. Ao chegar ao lugar do sítio, entretanto, surpreendeu-se com a nova
visão que tinha.
Nada mais existia
de pobreza e miséria naquele lugar. Agora, no lugar da choupana de antes,
havia uma belíssima e moderna casa cercada por um impecável jardim, de onde se
podia avistar uma garagem repleta de carros novos.
Desesperado com o
que via e com uma forte sensação de culpa invadindo-lhe a alma, pensou: ‘Certamente
por conta da morte de sua vaca, não mais lhes foi possível sustentar-se e foram
obrigados a se desfazer da propriedade’.
Decidido a reparar
seu erro, encontrando-os e compensando-os, acenou para um funcionário da casa
que regava e podava as flores do jardim, chamando-o ao portão.
- Por
favor, para onde se mudou a família que habitava este sítio há alguns anos
atrás? – perguntou-lhe o ex-discípulo.
- Eu vou
chamar meu patrão. Pelo que sei, ele é o dono destas terras há muitos e muitos
anos – respondeu-lhe o empregado.
O patrão,
vindo atendê-lo, reconheceu-o imediatamente, cumprimentando-o e perguntando-lhe
sobre seu mestre.
O ex-discípulo,
sem entender o que se passava, quis saber o que acontecera para transformar
aquele lugar pobre e miserável, na bela e bem cuidada propriedade que observava
agora.
- Sabe,
logo depois que o senhor e seu mestre estiveram aqui, aconteceu uma fatalidade;
nossa vaquinha despencou do precipício e morreu’, disse-lhe o antigo
sitiante.
E continuando,
falou:
- Fomos
obrigados a fazer o que nunca pensávamos sermos capazes de realizar. Sem o
leite da vaca, plantamos uma pequena horta de verduras e legumes e logo
descobrimos que podíamos também cultivar frutas e diversos outros tipos de
hortaliças. Os negócios foram crescendo e, depois de algum tempo, já
exportávamos, e o que sobrava vendíamos para as grandes redes atacadistas, que
sempre queriam mais. Para atender às constantes encomendas, tivemos que comprar
o sítio vizinho e o do outro lado também.
- Hoje,
dou graças a Deus que nossa vaca tenha morrido. Nunca imaginei que pudéssemos
fazer o que fizemos e que conseguiríamos atingir o sucesso que você pode
comprovar agora’, concluiu o homem com indisfarçável orgulho.
“Que
inspiradora história! Muitas vezes, é necessário que a
situação piore para só depois melhorar”, – pensou John fechando o
livro e caminhando em direção a varanda.
“Quando o céu
está prestes a conferir um grande serviço a um homem, primeiro exercita
sua mente com sofrimento, e seus tendões e ossos com trabalho duro.”
Fonte: Pense, Viva e Prospere
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