Quando aninhares em teu seio a revolta e o
desespero sobrepujar-te a fé e a esperança; quando o anseio de fuga sobrepor-se
a teus mais caros sonhos e ideais; quando o mundo afigurar-te um cárcere, não
prossigas. Detém o passo!
De que vale seguir adiante, se teus pés pisam,
raivosamente, o solo por onde transitas, despedaçando as flores que ornamentam
os caminhos?
É tempo de meditar, analisar, pesquisar causas,
fatos, soluções.
Estende o olhar ao teu redor. Vê: a multidão nem
mais anda. Corre, acotovela-se, esbarra.
Todos apressados, com o véu das preocupações a lhes
anuviar o semblante. São rostos que desfilam sofridos, acabrunhados,
envilecidos, frios, assinalando-lhes o sepultamento da sensibilidade.
Não te deixes arrastar pelo convencionalismo
material. És um Espírito.
Neste momento, te sentes cansado, desanimado ante
as lutas que se apresentam, ante os óbices a vencer. Estás esvaído, exausto e
envolves teu corpo em ar de abandono...
No mundo em que te situas, campeia em todo lugar a
malícia, o vício, a desonestidade. Corações a quem te entregaste,
dilaceraram-te as aspirações com estiletes de reprovações e queixas.
Causas pelas quais te empenhaste, ardorosamente,
jazem por terra, por deficiência de quem te auxilie, sustentando-as. Sentes que
o fardo é por demais pesado e almejas a fuga desabalada.
Entretanto, se te ligasses com o amor infinito,
nada disso te afetaria. Se te colocasses em plano superior ao terreno,
enxergarias um pouco além do comum e te deixarias arrebatar pela assistência do
plano maior.
Deus é o Amor sem limites, a Bondade, o Poder
Supremos.
Permite ao teu Espírito dessedentar-se nessa linfa
cristalina que jorra abundante e continuamente do Alto. Deixa-o haurir vigor na
Força Divina.
Após, verás como as lutas se tornarão
insignificantes, as dores diminutas e o próprio fardo, menor.
Há tantas paisagens encantadoras com que podes
deliciar-te, amenizando o combate ferrenho, por momentos...
Torna-te como essas avezitas que voejam, alegres,
conquistando o espaço azul. Frágeis, pequeninas, marcadas com vida muito curta,
passam-na em gorjeios e labuta.
Singra tu também os ares! Teu pensamento pode
alçar-te muito acima da maior altitude alcançada por qualquer pássaro.
És filho de Deus e, portanto, herdeiro de Sua
assistência.
Abre-te para o Seu Amor e respirarás a brisa
reconfortadora de quem se sabe amparado e vibra feliz.
* * *
Faze da tua vida uma senda florida em busca da
bondade das almas e da beleza do Universo.
Além das nuvens brilha, eternamente, o sol que após
as trevas das noites, resplandece sempre em alvoradas de luz.
Também nos corações em que palpitam esperanças,
sempre um sorriso álacre estanca lágrimas de quem padece.
Faze da tua vida um sol, um sorriso, uma esperança.
Por onde passes deixa algo de bom, algo de belo.
No futuro, serás lembrado como uma esteira de luz, uma terna recordação, uma carinhosa lembrança, um motivo de saudade, uma dedicação de amor.
Redação do Momento Espírita, com artigo de Maria
Helena Marcon, extraído do jornal Correio
da Amizade, de fevereiro/1974,
ed. Centro Espírita Ildefonso Correia e com pensamentos finais do livro Pensamentos
ao longo da jornada, de Alcyone
Vellozo, publicação pessoal.
Em 18.6.2020.
Fonte: Momento Espírita
http://momento.com.br/
Luz, Amor e Gratidão
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