Conta a literatura zen-budista que um discípulo
acompanhava seu mestre numa caminhada que os levaria a um rincão distante, onde
passariam a noite.
Conversavam
tranquilamente enquanto andavam a passos cadenciados, quando se detiveram
diante de uma ponte que havia caído.
Observaram por
alguns minutos a situação e perceberam que, se quisessem prosseguir, teriam que
atravessar pelo leito do rio.
Testaram a
profundidade e perceberam que seria possível atravessá-lo, embora tivessem que
fazê-lo com a água pela cintura.
Ao se prepararem
para a travessia, uma voz desesperada de mulher fez com que ambos se
detivessem.
A mulher também
precisava atravessar o rio, mas não se sentia em condições de enfrentar os
perigos da correnteza.
Discípulo e mestre
se entreolharam e, após alguns momentos, o mestre tomou a mulher em seus braços
e adentrou no rio a passos firmes.
O discípulo, um
tanto assustado, seguiu-os.
Chegando à outra
margem, a mulher agradeceu comovida o gesto do seu benfeitor, despediu-se e se
foi.
Novamente,
discípulo e mestre caminharam a sós, por quase toda a tarde, trocando apenas
algumas palavras.
Chegaram ao local
onde passariam a noite. Quando se recolheram para dormir, o discípulo muniu-se
de coragem e perguntou ao mestre:
Senhor, desculpe minha intromissão, mas gostaria de
uma explicação. O senhor carregou uma mulher nos braços e isso é contra nossos
princípios. O que o senhor tem a dizer?
O mestre
contemplou o discípulo com olhar sereno e aproveitou para lhe ministrar um
grande ensinamento:
Meu filho, eu carreguei a mulher nos braços de uma
margem à outra do rio e a deixei lá, e você a conservou no pensamento até
agora. Quem de nós feriu os princípios?
O discípulo
abaixou a cabeça e, um tanto retraído, pediu permissão para se recolher.
*
* *
Muitas vezes, sem
mais detidas reflexões, costumamos agir como discípulo inexperiente.
Percebemos uma
situação que, aos nossos olhos, merece repúdio e não hesitamos em lançar o
veneno da calúnia sobre os que pensamos agirem em desacordo com os nossos
princípios.
As Leis Divinas,
que são de amor e justiça, julgam sempre pela intenção e não pelas aparências.
Assim sendo, é
importante que prestemos atenção às mais secretas intenções que movem os nossos
atos.
Nós até podemos
mascarar, aos olhos dos homens, o móvel das nossas ações, mas as Leis Divinas
jamais conseguiremos enganar, por estarem escritas em nossa consciência.
* * *
Você sabia?
Você sabia que
Jesus tratou desse tema, quando falou do adultério por pensamento?
O Mestre de Nazaré
deixou bem claro que o que é levado em conta pelas Leis de Deus é o nosso
pensamento, ou seja, os sentimentos que agasalhamos no fundo da alma.
Dessa forma, vale
a pena ficarmos mais atentos aos nossos pensamentos e atos, do que nos dos
outros, porque Jesus também assegurou que cada um de nós responderá por si, e
não pelos outros.
Redação do Momento
Espírita, com base em história narrada em palestra pública pelo orador espírita
Divaldo Pereira Franco.
Em 24.6.2020.
Fonte: Momento Espírita
http://momento.com.br/
Luz, Amor e
Gratidão
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