Ela era uma frequentadora da Casa
Espírita e seus filhos participavam das aulas de Evangelização.
Certo dia, após o encerramento da
palestra pública, procurou uma das trabalhadoras da Casa desejando conversar em
particular.
Contou que se descobrira grávida. Isso
não a preocupava. Ela amava suas crianças e, mais uma seria um acréscimo de
ventura.
No entanto, o médico, que a atendia,
lhe revelara que havia constatado, pelos exames habituais, que o feto que
trazia no ventre era anencéfalo.
O mesmo profissional a esclarecera de
que, se viesse à luz, o bebê não viveria senão algumas horas. Dessa maneira,
apoiado na legislação, lhe ofereceu a possibilidade de abortamento, liberando-a
do restante da gestação.
Ela se mostrava abalada. Uma tristeza
imensa fez com que vertesse muitas lágrimas. No diálogo com o esposo, ele não
quisera opinar. Ela que decidisse.
Ali estava ela, confusa, dividida. A
orientação médica era segura, a lei lhe assegurava o direito ao abortamento.
Mas, em sua intimidade, algo a
inquietava, não conseguindo aderir à proposta. Ela mesma não sabia o porquê.
Parecia o mais racional, o mais lógico.
Agora, ela desejava ser orientada. O
que fazer?
Naturalmente, quem a ouvia, com
especial atenção, sabia que a Lei Divina tem Suas razões para tudo.
A Doutrina Espírita, consoladora,
ensina que desde a concepção, o Espírito está ligado ao corpo. Portanto, quando
se interrompe uma gravidez se bloqueia a chance de uma vida.
E toda vida tem um objetivo, mesmo
quando possamos imaginar que assim não seja.
Naturalmente, tudo isso ela já ouvira
nas preleções evangélicas no Centro Espírita.
Contudo, a decisão era dela. Ninguém
tem o direito de dizer ao outro o que deve fazer, violando o seu
livre-arbítrio.
Pode-se sugerir, esclarecer, jamais
passar disso.
Então, foi-lhe dito que depois de
ponderar, de tudo pesar, ela deveria optar por levar a termo ou não a gravidez.
Ela se foi. Por algum tempo, deixou de
estar presente às reuniões habituais.
Que teria decidido era o que pensava a
atendente. E suas preces tinham o destino daquela alma, de seus filhos, do ser
reencarnante.
Meses depois, ela retornou. Disse estar
bem de saúde. Narrou que decidira pela gestação até o final.
Seu bebê nascera e não vivera senão
algumas horas.
Entretanto, o mais impressionante
viria, na sequência do seu relato.
Eu permaneci todo o
tempo com ele em meus braços, acariciando-o e dizendo-lhe que o amava.
Disse que estava
feliz por ter sido escolhida para aquela missão tão desafiadora.
Quando percebi que a
vida daquele pequeno ser acabou, fiz uma prece, rogando a Deus recebesse o
Espírito de meu filho em Seus braços.
E concluiu: Em toda minha vida
de dificuldades, jamais senti uma paz tão profunda, verdadeira e uma felicidade
tão intensa, como naquelas poucas horas.
*
Quando tantas vozes se erguem para
defender direitos humanos, que exemplo admirável de uma mulher simples.
Uma alma generosa. Uma mãe que defendeu
os direitos do seu bebê à vida. Mesmo que tenha sido apenas uma vida de poucas
horas.
Notável exemplo!
Redação do Momento
Espírita, com base em fatos relatados por João Bogdan Romaniewicz.
Em 3.3.2021.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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