A História do
Brasil registra feitos de muitos heróis. Heróis de guerras, heróis que morreram
em defesa da liberdade do nosso país.
Contudo, ainda
hoje, existem outros tantos heróis desconhecidos que nos merecem todas as
honrarias.
É possível que
poucos ou nenhum de nós tenha ouvido falar a respeito de Luiz Martins de Souza
Dantas. Seu nome, em verdade, não figura em nenhum livro-texto de História do
Brasil.
Descendente de uma
das mais ilustres famílias do Império, após seguir uma apreciável carreira
política, por vários anos, dentro e fora do Brasil, foi nomeado embaixador na
França.
Apreciador das
artes, da música, é descrito como uma alma nobre e generosa.
Anfitrião
impecável dos brasileiros em Paris, era também um grande filantropo, disposto a
ajudar todos os que passaram por sua vida.
Diplomata
experiente, dotado de grande inteligência e perspicácia, Dantas circulava entre
os mais altos e restritos círculos diplomáticos.
Cedo compreendeu a
catástrofe, prestes a se abater sobre a Humanidade, com a ascensão do nazismo.
Dizia ser aquela
uma época de trevas e de barbáries.
Quando eclodiu a
Segunda Guerra Mundial, o Itamaraty já havia baixado uma série de leis e
circulares, dificultando a entrada, no Brasil, de pessoas de raça semítica.
Souza Dantas,
apesar dessas proibições, decidiu agir de acordo com sua consciência,
conseguindo passaportes e assinando pessoalmente os vistos.
Entre as cerca de
oitocentas pessoas, quatrocentas e vinte e cinco delas de origem judaica, que
entraram no Brasil, graças a Dantas, algumas viriam a ter destaque na vida
brasileira, como o ator e diretor teatral Ziembinski.
Em novembro de
1940, o embaixador Dantas foi advertido pelo Itamaraty, pelas suas concessões.
Ele continuou a expedir vistos, com datas retroativas, de forma a serem
anteriores à instrução.
Em 1942, Dantas
enfrentou a Gestapo. Ele e os demais membros da representação brasileira, em
Vichy, na França, foram confinados, em condições precárias, por catorze meses.
Por sua ousadia,
mesmo concluída a guerra, foi relegado ao ostracismo diplomático, pelo governo
brasileiro.
Somente depois de
dezembro de 1945, ele seria nomeado para chefiar a delegação brasileira na ONU.
Morreu pobre e
abandonado, em um humilde quarto de hotel, em Paris, em 1954.
No ano de 2003,
seu nome foi inscrito no Museu do Holocausto, em Jerusalém, como Justo
entre as nações, por seu empenho pessoal na emissão de centenas de
vistos, durante os anos mais duros da repressão nazista na Europa.
O homem que pôs em
risco sua carreira e sua vida, que desafiou nazistas na Europa e políticos no
Brasil, recebeu a medalha póstuma, por seus méritos.
Ele merece brilhar
na galeria universal dos heróis do Século vinte.
Redação do Momento
Espírita, com base no livro Quixote nas trevas,
de Fabio Koifman, ed. Record.
Em 11.1.2021.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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