Se
você soubesse que hoje iria morrer - o que faria?
Esta pergunta foi
feita a um homem, no Século XIII. Era um homem iluminado.
Nascido em berço
de ouro, conheceu as delícias da abastança. Filho de rico mercador, trajava-se
com os melhores tecidos da época.
Sua adolescência e
juventude foram impregnadas das futilidades daqueles dias, em meio a expressivo
número de amigos.
Assim transcorria
sua vida, quando um chamado se deu a esse jovem.
Então, ele se
despiu dos trajos da vaidade e se transformou no Irmão Francisco, o irmão dos
pobres.
Sua alma se encheu
de poesia e ele passou a compor versos para as coisas pequeninas, mas muito
importantes, da natureza.
Chamou irmãos à
água, ao vento, ao sol, aos animais. Sua alma exalava o odor da alegria que lhe
repletava a intimidade.
Muitos amigos o
seguiram, abraçando os lemas da obediência, pobreza e castidade. Amigos na
opulência, amigos na virtude.
Certo dia,
enquanto arrancava do jardim as ervas daninhas, Frei Leão, que o observava, lhe
perguntou:
Irmão
Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria?
Francisco
descansou o ancinho, por um instante. Seus olhos, apagados para as coisas do
mundo passageiro, pareceram contemplar paisagens interiores de beleza.
Suspirou, pareceu
mergulhar o olhar para o mais profundo de si e respondeu, sereno:
Eu?
Eu continuaria a capinar o meu jardim.
E retomou a
tarefa, no mesmo ritmo e tranquilidade.
Quantos de nós
teríamos condições de agir dessa forma? A morte nos apavora a quase todos.
Tanto a tememos
que existem os que sequer pronunciamos a palavra, porque pensamos atraí-la.
Outros, nem
comparecemos ao enterro de colegas, amigos, porque dizemos que aquilo nos
deprime, quando não nos atemoriza.
Algo como se ela
nos visse e se recordasse de nos vir apanhar.
E andamos pela
vida como se nunca fôssemos morrer. Mas, de todas as certezas que o mundo das
formas transitórias nos oferece, nenhuma maior que esta: tudo que nasce, morre
um dia.
Assim, embora a
queiramos distante, essa megera ameaçadora que chega sempre em momentos
impróprios, vem e arrebata os nossos amores, os desafetos, nós mesmos.
Por isso,
importante que vivamos cada dia com toda a intensidade, como se nos fosse o
derradeiro.
Não no sentido de
angústia, temor, mas de sabedoria. Viver cada amanhecer, cada entardecer e cada
hora, usufruindo o máximo de aprendizado, de alegria, de produção.
Usar cada dia para
o trabalho honrado, que nos confira dignidade. Estar com a família, com os
amigos.
Sorrir, abraçar,
amar.
Realizar o melhor
em tudo que façamos, em tudo que nos seja conferido a elaborar. Deixar um rastro
de luz por onde passemos.
Façamos isso e,
então, se a morte nos surpreender no dobrar dos minutos, seguiremos em paz, com
a consciência de Espíritos que vivemos na Terra doando o melhor e, agora,
adentraremos a Espiritualidade, para o reencontro com os amores que nos
antecederam.
Pensemos nisso.
Redação do Momento
Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17 e no livro Momento
Espírita, v. 8, ed. FEP.
Em 11.12.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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