O som abafado
ressoou na angustiante madrugada.
As batidas à porta
eram impacientes. Tratava-se de João, o mais jovem seguidor de Seu Filho.
Minha
mãe, eles O prenderam, afirmou o rapaz, cujos olhos imediatamente
marejaram.
Sem hesitar, ambos
seguiram em silêncio até a prisão.
Quando os raios
solares romperam a noite e o céu se fez azul, houve grande movimentação dos
legionários.
E ela viu o Filho,
considerado réu, no julgamento encenado pelo procurador Pôncio Pilatos.
Maria mal O
reconheceu, tão maltratado estava. O corpo machucado, a cabeça coroada de
espinhos, a face com filetes de sangue.
Logo, ela ouviria
a sentença: a morte por crucificação.
Foi trazido o
madeiro horizontal e depositado nas costas já tão laceradas do Messias.
Maria quis
aproximar-se dEle, tocar-lhe a face. Entretanto, o cordão de vigilância era
grande e ela não pôde se aproximar.
A ordem foi dada:
marchariam agora em direção ao Gólgota, o Monte da Caveira.
A doce mãe de
Jesus, aquela que lhe acompanhara os primeiros passos, aquela que O ouvira
falar antes de todos, caminhou desolada atrás da cruel comitiva.
Depois de imenso
sofrimento, chegaram ao destino.
Então, deitaram o
Seu Filho sobre a pesada cruz e, com vigorosos pregos, lhe prenderam as mãos e
os pés.
A cruz foi
erguida. O corpo do Mestre pendeu e Ele sufocou um angustiante grito.
Quando os
legionários permitiram, ela se aproximou e tocou os pés do amado Filho.
Ali estava o Seu
Jesus. O Filho gentil, cujas mãos sempre distendera aos sofredores. O Seu
Jesus, que consolara os inconsoláveis, que curara os incuráveis.
O Seu Jesus, cujos
olhos, erguidos aos céus, eram a ponte entre o Criador e a criatura.
Nesse momento, ela
se fez forte, como Ele sempre fora. Abraçando-lhe o exemplo, secou com coragem
as próprias lágrimas.
E, vendo o
desespero de Tamar, a mãe de Dimas, o ladrão que, também crucificado, pedira
perdão ao Mestre por conta de suas faltas, Maria se aproximou dela.
Com carinho, a
envolveu num abraço e lhe secou as lágrimas.
Depois, olhou, de
forma diversa, para o Filho amado e pôde vê-lO como O Libertador. Aquele que
viera cumprir a missão divina de revelar o Pai Celeste para toda a Humanidade e
de traçar o caminho que a Ele conduz.
* * *
Mãe Santíssima,
vem secar também as nossas lágrimas.
Na aflição em que
nos debatemos, doce mãe, ajuda-nos a perceber a lição.
No corpo
alquebrado pela doença, auxilia-nos a ver que nossos Espíritos se engrandecem e
progridem. Na desilusão, consola-nos.
Lembra-nos, como o
fez a Tamar, que todos somos perdoados por nossas falhas morais e que, com
esforço e dedicação, alcançaremos o paraíso prometido por Teu Filho.
Que tua coragem,
tua resignação nos sejam exemplos para os nossos momentos de desespero e de solidão.
Permite-nos ter a
fé que se ampara na certeza de que o Teu Filho está conosco. Por nós vela e nos
conduz.
Mãe Santíssima,
envolve-nos, com o teu divino manto de suaves vibrações.
Seca nossas
lágrimas, doce mãe.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.12.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário