O
silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência, como o
mármore não talhado é rico em escultura.
* * *
Em tempos de tanto
som, de tanto ruído no mundo, vale a pena falarmos um pouco sobre o silêncio.
O estudioso da
música, ao ler uma partitura, sabe muito bem que além de notas e mais notas
sobre a pauta, existe uma figura igualmente importante: a pausa.
A pausa musical é
um intervalo de tempo onde deve haver silêncio absoluto. É uma certa parte na
obra em que nenhuma nota deve ser tocada.
O silêncio da
pausa é necessário ao som. Ele não é apenas a tela sobre a qual a música é
pintada, é uma das cores na
paleta do compositor.
Saber quando tocar
as notas e preencher um vazio é tão importante quanto saber silenciar.
Assim, à maneira
das belas composições musicais, nossas existências necessitam de silêncio, da
pausa.
Imaginemos que
cada vida, cada encarnação, seja uma grande obra musical, com diversos
movimentos e partes.
Pois bem, para
compor uma bela obra, um belo viver, precisamos de lindas melodias, divididas
em compassos certos.
E, em meio aos
mais tocantes temas, devemos encontrar as figuras de silêncio.
As pausas musicais
também divergem umas das outras, de acordo com o tempo.
Existem as muito
breves, quase imperceptíveis na peça.
Podem ser
igualadas àqueles momentos do dia em que silenciamos a mente um pouco, esvaziando-a,
ouvindo a natureza, fechando os olhos, respirando fundo...
São as pausas que
nos fazem lembrar que ainda respiramos, que nos fazem perceber movimentos,
cores, perfumes, que nos passaram despercebidos em meio ao turbilhão diário.
É a pausa da prece,
do sono refazedor, das caminhadas lentas e proveitosas.
Outras pausas são
um pouco mais longas na partitura musical. Essas percebemos com mais clareza,
pois muitas vezes preparam uma mudança, um clímax, ou mesmo a conclusão da
obra.
Em nossa vida, são
os instantes de descanso, os dias em que mudamos de atividade radicalmente, que
passamos com a família, deixando a agitação e as preocupações do mundo material
um pouco de lado.
O descanso faz
parte da lei do trabalho. Não fomos feitos para funcionar, ininterruptamente,
numa determinada atividade, sem parar, sem qualquer intervalo.
Por fim, temos os
grandes trechos de silêncio nas músicas. Por vezes um, dois compassos inteiros
ou até maiores espaços de tempo.
Chegam a ser um
tanto incômodos para aqueles que nos acostumamos ao muito ruidoso, agitado,
onde tudo fala sem parar.
Pois bem, em
nossos dias, esses são aqueles silêncios de recolhimento profundo, em que
paramos tudo que estamos fazendo e repensamos a vida, os caminhos, para tomar
direções diferentes.
Alguns viajamos,
buscamos novos ares, outros mudamos os hábitos radicalmente e encontramos o
necessário isolamento para organizar a mente e o coração.
Nossos lutos estão
entre esses momentos importantes. A alma em contato consigo mesma para
mergulhar na aceitação, no entendimento e no contato com o Criador da vida.
A música é uma
composição de sons e silêncios.
Que possamos fazer
de nossas vidas uma emocionante sinfonia.
Redação do Momento
Espírita
Em 26.12.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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