É madrugada. Despertou-me a
preocupação. O dia começa a se espreguiçar, boceja e ainda permanece indeciso
se lançará logo mais as suas luzes.
Ergo-me da cama para iniciar uma nova
jornada, antecipando-me às horas.
Muitas tarefas me aguardam e algumas
delas, com datas que apontam hoje como o derradeiro prazo. São compromissos
profissionais que não podem tardar e tarefas no âmbito do voluntariado, que
exigem dedicação.
Ouço o canto do bem-te-vi. É uma das
primeiras aves a sinalizar o amanhecer. Indago-me se será um anúncio ao dia ou
um chamado ao seu par.
Detenho-me a escutá-lo nesse complexo
arranjo de notas, emitidas de um modo rítmico, pelos minutos afora.
Anúncio de um dia de paz, penso eu.
Também de intenso trabalho, dulcificado pela sinfonia desse amigo e dos demais
que logo se lhe associam.
A árvore, em frente à minha casa, é um
lugar de muitos trinados, cantos e discussões. Sim, em meio à cantoria,
destacam-se alguns tons que parecem discussão. Imagino se estão disputando
território.
Por vezes, chego a comentar: Devem
estar discutindo o valor do condomínio porque, afinal, a generosa árvore, com
sua ramada abundante, é o lar de alguns deles que a deixam pela madrugada e
retornam quando as cores do dia principiam a desmaiar, no horizonte.
Sem que eu o possa ver, ouço o som de
um avião que sobrevoa os céus. Fico a imaginar quantas pessoas estarão dentro
dele.
Para onde irão? Por que estão viajando?
E, principalmente: Chegarão ao seu destino?
Será um voo tranquilo, sem turbulência
ou eventuais percalços que envolvam alguma falha mecânica? Quantas horas
permanecerá no ar? Atravessará o espaço aéreo de quantas cidades, Estados?
Talvez países?
Atravessará mares e oceanos? Ou pousará
logo mais, em um local próximo?
Enquanto o dia resolve, finalmente,
despertar e toca levemente o sol, para que ele principie a iluminar as horas,
fico a pensar como tantas pessoas vêm de tantos lugares diferentes para
viajarem juntas, durante um curto ou largo tempo.
Quantos sonhos ocuparão aquelas mentes?
Ou serão preocupações, negócios? Quem as aguarda no destino final?
Não vejo a aeronave e me indago quantas
almas carregará em seu bojo. Quantas viajam felizes porque estão indo ao
encontro de seres amados, para uma festa de casamento, de aniversário, o
nascimento de um novo ser.
Quantas viajam atormentadas por
notícias amargas, que dizem de um ente querido hospitalizado de forma
emergencial, de uma cirurgia complicada de resultado incerto, de alguém que
desencarnou...
Quantas viajam pensando no negócio que
deverão empreender, do qual depende o seu futuro na empresa, o sustento da sua
família.
Quantas viajam a caminho de concurso
que deverão prestar e que definirá sua carreira profissional.
Quantas viajam a caminho de tarefas
voluntárias, como palestrantes, ou atendimento a sofridos seres na face da
Terra.
Meu Deus! Quantos pensamentos em tão
poucos minutos... Dou-me conta de que o dia despertou totalmente. Os sons se
confundem. A passarada voa.
Ergo minha prece e digo ao Senhor da
vida: Obrigado, pai. Segue comigo. Tenho tanto a fazer.
Redação do Momento
Espírita.
Em 14.11.2019.
Luz, Amor e
Gratidão
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