Diego não conhecia o mar.
O pai, Santiago Kovadloff, resolveu levá-lo para que conhecesse o mar
gigantesco.
Viajaram para o sul. O oceano estava do outro lado dos bancos de areia,
esperando.
Quando o menino e o pai alcançaram aquelas alturas de areia, depois de
muito caminhar, o mar apareceu na frente de seus olhos.
Foi tanta a imensidão do mar, tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo
com tamanha beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao
pai: “Pai, me ajuda a olhar?”
* * *
Nós, pais, estamos no mundo para ajudar
nossos filhos a olhar.
Por trás desse me ajuda a olhar, de
menino inocente e admirado, estão as grandes questões da educação no lar.
A pergunta do filho poderia ser
entendida como: Pai, me ajuda a perceber
todas as belezas, as nuances, tudo que ainda não consigo perceber?
Ajuda-me a saber admirar as coisas importantes da vida, você que já
viveu tanto e tem tanta bagagem de mundo, tanta experiência?
Ajuda-me a compreender a existência, seus desafios, seus objetivos
maiores?
Ajuda-me a não temer os problemas, a aprender com eles, toda vez que
resolverem aparecer?
Ajuda-me a caminhar? Sem precisar caminhar por mim, pois tenho que
descobrir meus próprios passos, mas, nos primeiros, principalmente, você fica
ao meu lado?
E quando eu cair, você vai estar lá? Pois muitas coisas neste mundo me
assustam, e preciso de uma segurança, de um lar para onde eu possa voltar.
Ajuda-me a olhar para dentro de mim, pai?
Preciso me conhecer para me amar, para me perdoar e não deixar que a
culpa me faça menor.
Ajuda-me a olhar para dentro de mim?
A descobrir minhas potencialidades, minhas habilidades, o que tenho de
bom?
Pois se você, pai, disser: “Você pode, meu filho. Você tem capacidade
você é inteligente...” aí sim, vou acreditar.
E, se nessa busca eu encontrar algo que não goste, não suporte, você me
ajuda a eu não desistir de mim mesmo?
Por isso preciso de você aqui, ao meu lado, me ensinando a olhar o mundo
e a mim com olhos de quem quer a paz e não mais a discórdia, a violência.
Por isso preciso que me ensine a olhar, que me ensine a escolher para
que, um dia, quando meus olhos estiverem vendo o oceano, da altura dos seus...
eu então possa dizer ao meu filho:
“Vou lhe ensinar a olhar, meu filho, não se preocupe. Segure firme em
minhas mãos e vamos olhar o mundo juntos... Sempre juntos”.
* * *
Allan Kardec, Codificador da Doutrina
Espírita, em O livro dos Espíritos assevera: Os espíritos apenas entram na vida corporal para se aperfeiçoar e
melhorar.
A fraqueza da idade infantil os torna flexíveis, acessíveis aos
conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir.
É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas más tendências.
Este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão sagrada pela qual terão de
responder.
Redação do Momento
Espírita com base em trecho de O livro dos abraços, de Eduardo Galeano, ed. Porto e no item 385 de O livro dos Espíritos,
de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 17.12.2019.
Luz, Amor e
Gratidão
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