O Espírito Amélia Rodrigues, em seu Poema
da Gratidão, diz que quem ouve a voz dos imortais não esquece nunca mais.
Reflexionando sobre a preciosa
afirmativa, ficamos a cogitar como será ouvir a voz dos celestes mensageiros.
Narra-nos o Evangelista Lucas que, em
certa noite, havia, na região da Judeia, alguns pastores que pernoitavam no
campo, realizando a vigília noturna do seu rebanho.
E deles se aproximou um anjo, a glória
do Senhor iluminou ao redor deles, enchendo-os de grande temor.
E o anjo assim lhes falou: Não tenhais medo! Eis que vos trago
boas-novas de grande alegria, que será para todo o povo. Nasceu para vós, hoje,
um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi.
Este é o sinal para vós: encontrareis um recém-nascido enfaixado e
deitado numa manjedoura.
Logo, juntou-se ao anjo uma multidão do
exército do céu, louvando a Deus e dizendo:
Glória a Deus nas alturas, paz sobre a Terra, boa vontade para com os homens.
Que momento extraordinário! O Senhor
das estrelas nasce entre os homens e o Pai Celestial envia um coro celeste para
lhe anunciar a chegada.
* * *
Ao longo dos séculos, os homens,
debruçando-se sobre este belo texto que nos fala daquele anúncio jamais
igualado, imaginaram como terá sido o cântico celeste.
E o tentaram reproduzir. De todas as
versões, possivelmente a que melhor traduza a emoção e a grandeza da excelsa
notícia, nos campos da Judeia, seja o Adeste
Fideles.
Os versos dizem mais ou menos assim: Venham todos, ó fiéis. Alegres, triunfantes.
Vinde, vinde a Belém. Vejam o recém-nascido, o Rei dos anjos. Vinde,
adoremos o Senhor.
Cante agora o coro dos anjos. Cante agora a assembleia dos coros
celestiais.
Glória, glória a Deus, no alto dos céus. Vinde, adoremos o Senhor.
Portanto, aquele que nasceu no dia de hoje: Jesus, a ti seja a glória do Pai
eterno.
A palavra se fez carne. Vinde, adoremos o Senhor.
Alguns consideram que essa versão seria
da autoria do rei português D. João IV, mecenas das artes, pelos idos de 1640.
O que se sabe é que a música foi
executada, em 1797, na embaixada portuguesa, em Londres.
O que importa é que, produto de homens
inspirados pelos mensageiros espirituais, interpretada pelas vozes
privilegiadas de variadas épocas, sempre conduz à profunda emoção.
É como se reprisássemos aqueles
momentos extraordinários em que o Celeste Amigo veio estar conosco e os coros celestiais
lhe anunciaram a chegada.
E, se nos emocionamos tanto com as
vozes humanas, ficamos a pensar como serão as vozes espirituais, os coros dos
anjos.
Sim, tem razão Amélia Rodrigues: quem
os escutar, não os poderá jamais esquecer.
Ficarão indelevelmente registrados na
acústica da alma, elevando-a a planos superiores.
E isso tudo nos remete a dizer: Jesus,
como temos saudades de ti. Como desejamos reprisar momentos evangélicos, como
sentimos Tua falta.
E oramos: Vem, Jesus, vem amenizar
nossa saudade. Permite-nos ouvir de novo as vozes imortais, embala-nos na Tua
paz.
Desejamos estar Contigo e nos sentimos
tão distantes. Vem, Jesus, vem até nós.
Como os discípulos, na entrada da
cidade de Emaús, observamos o entardecer das nossas vidas e dizemos: “Permanece
conosco, porque está para anoitecer e o dia já declinou.”
Dá-nos a alegria da Tua presença em
nossas vidas.
Redação do Momento
Espírita, com citações do Evangelho de Lucas, cap. 2, versículos 8 a 14 e cap.
24, versículo 29. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP.
Em 20.12.2019.
Luz, Amor e
Gratidão
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