É natural que, em
cada época da Humanidade, em cada cultura, se definam padrões de estética e de
beleza.
A partir deles,
estipulamos o que é belo. Como consequência, o que é desejado.
Apresentar o
padrão estético da época em que nos situamos, é a garantia de sermos aceitos,
até admirados ou invejados.
Atualmente, a
facilidade de comunicação, particularmente a partir das redes sociais, vem
exacerbando esse processo.
Como todos nos
vemos e nos encontramos virtualmente, o desejo de nos apresentarmos conforme os
padrões estéticos estabelecidos, ganha, não raro, patamares de desequilíbrio
físico ou emocional.
Nessa competição
que muitos nos permitimos, o aparentar e o possuir adquirem status equivocados.
A partir disso,
envelhecer passou a ser abominável, para alguns de nós.
Não aceitando o
envelhecimento como um processo natural da vida, o encaramos como algo a ser
evitado. Algo do qual devemos escapar, de qualquer maneira, a qualquer preço,
como se possível fosse.
Como resultado,
alguns nos tornamos figuras estranhas, simulacro do que éramos, tais as
alterações nas feições e corpos, depois de vários procedimentos estéticos e
cirúrgicos.
Esforço em vão,
pois que o caminhar certo e seguro do tempo é incontornável.
Esse medo de
envelhecer, envolto pela ilusão imposta por padrões de aparência, muitas vezes
nos impedem de refletir sobre as oportunidades e conquistas da maturidade.
As experiências
vividas, os amores, os ganhos e as perdas, fazem de nós pessoas ímpares.
Nossas
experiências diárias são riquezas que nos permitem desfrutarmos, ao longo do
tempo, de uma visão mais lúcida e clara da vida.
As marcas deixadas
em nosso rosto, o desbotar dos cabelos, a diminuição do vigor físico, podem não
se enquadrar aos padrões estéticos impostos e aceitos.
Porém, são marcas
do quanto vivemos, atestando a possibilidade de entendimentos distintos de
momentos vividos.
Há beleza na
experiência adquirida de nos calarmos diante de uma discussão, entendendo que
logo mais tudo passará, os ânimos se acalmarão, possibilitando-nos, então,
conversarmos de maneira tranquila.
Há beleza em nosso
olhar sereno, por entendermos que daqui a pouco as coisas serão diferentes, e
tudo se ajustará.
Também há beleza
no corpo que vai se moldando ao peso dos anos, instrumento abençoado de que nos
servimos para o adquirir de tantas experiências.
Quantos
quilômetros terão percorrido os pés de um ancião? Quantas vezes seu coração já
pulsou? Quantas imagens de alegria ou de dor seus olhos fitaram?
Isso é envelhecer.
É o resultado do acúmulo de aquisições realizadas em mais uma etapa da vida. E
esse acumular dos anos fala de maturidade. Também de prenúncio do retorno para
o verdadeiro lar.
Entendamos então
que a beleza da criança que engatinha, do vigor da juventude ou do rosto
marcado na velhice é a mesma.
Cada momento da
existência é assinalado pela beleza do existir, do peregrinar no planeta,
ensejando-nos aprendizado e progresso.
Envelheçamos
sorrindo.
Redação do Momento
Espírita.
Em 10.9.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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