No transcorrer dos
séculos, muitos foram os filósofos que refletiram a respeito de nossa
essência: Existe verdadeiramente uma alma que prossegue no além-túmulo?
O que nos aguarda no pós-morte?
Em um de seus
livros, de genial beleza e delicadeza, o autor libanês Gibran Khalil Gibran
escreveu, metaforicamente, a respeito da criação da alma e da sua união com o
corpo:
E
o Deus dos deuses separou de Si mesmo uma alma e a dotou de beleza.
E
deu-lhe a suavidade da brisa matinal. E o perfume das flores do campo e a
doçura do luar.
E
entregou-lhe a taça da alegria, dizendo-lhe: "Só poderás beber desta taça
se esqueceres o passado e não te preocupares com o futuro."
E
entregou-lhe a taça da tristeza, dizendo: "Bebe dela, e compreenderás a
essência da alegria da vida."
E
soprou nela um amor que a abandonaria ao primeiro suspiro de saciedade. E uma
meiguice que a abandonaria à primeira manifestação de orgulho.
E
fez descer sobre ela, do céu, um instinto que lhe revelaria os caminhos da
verdade.
E
depositou nas suas profundezas uma visão que vê o que não se vê.
E
criou nela sentimentos que deslizam com as sombras e caminham com os fantasmas.
E
vestiu-a de um vestido de paixão que os anjos teceram com as ondulações do
arco-íris.
E
colocou nela as trevas da dúvida, que são as sombras da luz.
E
tomou fogo da forja do ódio, e ventos do deserto da ignorância, e areia do mar
do egoísmo, e terra pisada pelos pés dos séculos e amassou todos esses
elementos e fez o homem.
E
deu-lhe uma força cega que se inflama nas horas de loucura e se
apaga diante das tentações.
Depois,
depositou nele a vida, que é o reflexo da morte.
E
sorriu o Deus dos deuses. E chorou. E sentiu um amor enorme e
infinito. E uniu o homem e a alma.
* * *
Corpo e alma são
os elementos constituintes de todos os seres humanos.
Imortal, o
Espírito em progresso une-se à matéria a fim de experienciar situações as mais
diversas, que lhe permitem conquistar virtudes, ajustando-se paulatinamente às
imutáveis Leis Divinas.
Quando encarnado,
o Espírito se esquece, provisoriamente, de suas experiências passadas, de forma
tal que possa escrever nova História no livro da vida.
Assim, reflitamos
por um instante: Que registros temos feito? Que valor temos dado à
abençoada oportunidade de regressarmos a este planeta-escola?
Permitimo-nos
sentir o revigorante soprar do perdão diante do mal que nos fizeram? Soubemos
nos perdoar em face do mal que também causamos?
Quanto ao bem
recebido: Conservamos gravada a lembrança dele em nossos corações, de
forma que vivamos em estado de gratidão?
E finalmente,
sobre os bons atos que praticamos: Soubemos fazê-los humildemente, de
maneira a não torná-los fonte de elogios vazios que nos engrandecem o orgulho e
nos empobrecem o Espírito?
* * *
Dia virá, a todos
nós, em que a vida material se encerrará. A maré alta apagará nossas pegadas.
Porém, o céu infinito e luzidio do perdão concedido, do bem distribuído, do
amor ofertado, esse permanecerá e brilhará por toda a Eternidade.
Pensemos nisso!
Redação do Momento
Espírita, com base em texto do livro O Mensageiro,
de Gibran Khalil Gibran, ed. ACIGI.
Em 26.9.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e
Gratidão
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