A morte é sempre a indesejada que
aparece nos momentos mais impróprios.
Estamos felizes, preparando a grande
festa e ela nos surpreende, levando um dos nossos amores.
Estamos aguardando a chegada de um novo
ser ao nosso lar, ela vem e nos arrebata alguém querido, tornando o momento
esperado menos brilhante.
Encontramo-nos em preparativos para uma
viagem, há muito esperada, planejada, e um acidente, nos primeiros quilômetros,
leva nosso afeto.
Caprichosa, parece apreciar estragar os
nossos melhores anseios.
Quando se apresenta de forma repentina,
em imprevistos acidentes, mais nos choca.
Nesses momentos, é bastante comum que
desejemos encontrar culpados.
Se foi um desmoronamento, nossa
indignação tende a se voltar contra a divindade. Afinal de contas, não é ela
quem governa os ventos e administra as tempestades?
Se foi um acidente de trânsito,
desejamos encontrar o culpado ou culpados. Embriaguez, incompetência, distração
ao volante, violação de uma lei?
Por vezes, nem nos damos conta de que
mais nos atormentamos nessa caça a infratores, do que com a perda de alguém ou
com alguma incapacitação física ou mental, resultante do acidente em que foi
envolvido.
Nos versos de Iracema, música lançada
em 1956, encontramos algumas lições do compositor Adoniran Barbosa.
Na forma simples de se expressar,
percebemos um homem que contempla o corpo da noiva com quem iria se casar em
vinte dias.
Ele chora o seu grande amor, e lhe diz
da imensa dor que está sentindo.
Ele a lamenta lembrando quantas vezes a
advertira para ter cuidado ao atravessar as ruas, contudo, ela não atendera
suas recomendações.
Atravessara, sem olhar, e um automóvel
a atingira, ocasionando-lhe a morte.
Para ele, pouco sobrou como lembrança.
Apenas alguns pertences pessoais dela.
Quem pode descrever a dor de um coração
que há pouco fazia planos para a vida a dois? Quem sabe planejava algo especial
para a festa do enlace matrimonial.
Contudo, o que ressalta da canção é a
ideia da imortalidade apresentada pelo compositor. Ele tem certeza de que ela
se encontra no céu, ou seja, adentrou a Espiritualidade.
Ao contrário de muitos de nós, que
ficamos a indagar como estará aquele que partiu, ele fala da certeza de que sua
noiva está juntinho de Nosso Senhor.
Ela está bem e ficará aguardando que,
algum dia, ele lhe vá ao encontro.
A lógica é simples. Ela era uma boa
pessoa, ele lhe conhecia o caráter, a índole.
Se era boa, bem está no mundo
espiritual.
Outra lição que nos oferecem os versos
é a isenção de culpa do motorista. No seu sofrimento quase insano de ver-lhe
arrebatada a noiva, ele afirma que o carro não teve culpa.
Eis algo para pensarmos. Será sempre o
outro o culpado da nossa infelicidade?
Em uma ou outra circunstância, não
teremos sido nós mesmos, por descuido, por invigilância, os promotores do
incidente?
Que nosso sofrimento não nos torne
alucinados. Que saibamos honrar nossos amores, lembrando-os amparados pelo Pai
de todos nós.
Que prossigamos a amá-los, com a mesma
intensidade de quando os tínhamos ao nosso lado.
Por fim, que a nossa busca por eventual
justiça não nos transforme em pessoas obstinadas e infelizes.
Pensemos nisso.
Redação do Momento
Espírita, com base em versos da música Iracema, de Adoniran Barbosa.
Em 3.12.2019.
Luz, Amor e
Gratidão
҉
Nenhum comentário:
Postar um comentário