Dra. Elizabeth
Kübler-Ross realizou um trabalho belíssimo com pacientes terminais.
Seu livro Sobre
a morte e o morrer, já foi traduzido para dezenas de idiomas e recebeu
inúmeros prêmios.
Em certo trecho da
obra nos fala da esperança de seus pacientes e familiares:
Ouvindo
nossos pacientes em fase terminal, o que sempre nos impressionou foi que até
mesmo os mais conformados, os mais realistas, deixavam sempre aberta a
possibilidade de alguma cura; de que fosse descoberto um novo produto, ou de
que tivesse "êxito um projeto recente de pesquisa".
O
que os sustenta através dos dias, das semanas ou dos meses de sofrimento é este
tipo de esperança.
É
a sensação de que tudo deve ter algum sentido, que pode compensar, caso
suportem por mais algum tempo.
Não
importa que nome tenha, descobrimos que todos os nossos pacientes conservaram
essa sensação que serviu de conforto em ocasiões especialmente difíceis.
Vimos
que os conflitos relacionados à esperança provinham de duas fontes principais.
A
primeira, e mais dolorosa, era a substituição da esperança pela desesperança,
tanto por parte da equipe hospitalar, quanto por parte da família, quando a
esperança ainda era fundamental para o paciente.
A
segunda fonte de angústia provinha da incapacidade da família para aceitar o
estágio final de um paciente.
Agarravam-se
à esperança com unhas e dentes, quando o próprio paciente já se preparava para
morrer, mas sentia que a família não era capaz de aceitar este fato.
* * *
Os pontos
levantados pela estudiosa são fundamentais para o bom entendimento da
esperança, e da compreensão do fenômeno da morte.
Esta sensação de
que tudo deve ter algum sentido não é vã.
É, com certeza, o
Espírito tendo acesso, mesmo que inconscientemente, aos planos maiores para sua
existência, e à necessidade que carrega de passar por tal provação.
Todo
sofrimento tem uma causa - eis a proposição
budista.
Toda
causa que não se encontra nesta vida, certamente estará numa existência
anterior - eis a proposta espírita.
Todo sofrer tem
caráter educativo, sendo de causa atual ou pretérita.
Por isso, o
entendimento de que a dor sempre terá algum sentido, e de que o bem passar por
ela nos trará recompensa futura, faz-se indispensável para que não deixemos que
a desesperança encontre guarida em nosso íntimo.
O reino
dos céus prometido aos aflitos, na certeza feliz do Cristo, está na
harmonia interior, nos aprendizados alcançados.
Na fé, na
paciência, na resignação aprendidos através da tutela temporária da dor.
Tal consciência
deve ser alcançada também pelos que ficam, pois esses são convidados a
desenvolver o desapego, o altruísmo, e igualmente a fé.
Pensar no bem do
outro, antes de pensar na dor da falta, da saudade, é lição clara proclamada
pela desencarnação.
A morte é professora
brilhante. Ensina quem vai, ensina quem fica.
A esperança é
bálsamo doce, que aromatiza e prepara a alma dos que estão nos portões de
partida. Dos que partem já, e dos que partirão mais tarde.
* * *
O
sol formou um veio de ouro.
Tão
gracioso que meu corpo dói.
Acima,
o céu brilha num azul intenso.
Convicto,
sorri por algum engano.
O
mundo cobre-se de flores, e parece sorrir.
Quero
voar, mas para onde, a que altura?
Se
as coisas podem florescer por entre arames farpados, por que não eu?
Não
morrerei!
Redação do Momento Espírita, com base no cap. VIII, do livro Sobre a morte e o
morrer, de Elizabeth Kübler-Ross, ed.
Martins Fontes e poema de autor desconhecido.
Em 26.10.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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