Uma das mais
poéticas falas de Jesus é certamente a que menciona os pássaros do céu e os
lírios do campo.
Ainda no Sermão do
Monte, após as bem-aventuranças e a oração do Pai Nosso, o Mestre proclama:
Olhai
para os pássaros do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e
vosso Pai Celestial os alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que eles?
E,
quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo,
como eles crescem, não trabalham nem fiam.
E
eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como
qualquer deles.
Pois,
se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no
forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
* * *
Todas as vezes que
as inquietações tomam conta de nossos pensamentos, é importante lembrarmos
dessa lição do Cristo.
Muitos estamos
inquietos, inseguros, assustados com os novos tempos. Não se tem mais
certeza de nada. - dizemos. Ou então: Não se sabe sobre o dia
de amanhã.
O emprego, o
negócio, a saúde, as relações: tudo está sendo convidado a mudar. E, toda
mudança nos causa certo temor.
Por isso é tempo
de lembrar dos pássaros do céu e dos lírios do campo, duas figuras icônicas
utilizadas pelo Mestre para nos trazer tranquilidade e paz.
Ainda neste mesmo
momento, o Rabi da Galileia acrescenta:
Não
andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que
nos vestiremos?
Porque
todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai Celestial bem sabe
que necessitais de todas estas coisas.
Mas,
buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas.
Não
vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Interpretadas à
letra, essas palavras de Jesus seriam a negação de toda previdência, de todo
trabalho e, por consequência, de todo progresso.
Com esse
princípio, o homem iria se limitar a esperar passivamente. Suas forças físicas
e intelectuais permaneceriam inativas.
Ora, se fosse
assim, jamais teríamos deixado o estado primitivo.
Não, não pode ter
sido este o pensamento do Mestre, pois estaria em contradição com o que afirmou
outras vezes com as próprias leis da natureza.
Deus criou o homem
sem vestes e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los.
Não se deve,
portanto, ver, nessas palavras, mais do que uma poética alegoria da
Providência, que nunca deixa ao abandono os que nEla confiam, querendo,
todavia, que esses, por seu lado, trabalhem.
Se ela nem sempre
acode com um auxílio material, inspira ideias com que se encontram os meios de
sair da dificuldade.
Assim, lembremos
sempre da bela figura dos pássaros do céu e dos lírios do campo, nunca
permitindo que o desânimo, a insegurança e a incerteza, se instalem em nossos
corações.
Redação do Momento
Espírita, com base no cap. XXV, item 6, de O Evangelho
segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB e transcrição do Evangelho
de Mateus, cap. VI, versículos 26, 28 a 34.
Em 20.10.2020.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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