Em
minha parede há uma escultura de madeira japonesa.
Máscara
de um demônio mau, coberta de esmalte dourado.
Compreensivo
observo as veias dilatadas da fronte, indicando: como é cansativo ser mau!
* * *
Os versos de
Bertolt Brecht, importante dramaturgo e poeta alemão do Século XX, trazem de
uma forma descomprometida, quase ingênua, uma verdade grandiosa.
Certamente ele
percebeu, nos traços fortes e sérios daquele rosto, a marca do cansaço, do peso
de se carregar um cenho cerrado por tanto tempo.
E quem é capaz de
aguentar esse fardo por tanto tempo?
Carregar a máscara
do mal extenua e consome as forças inevitavelmente.
Carregar a máscara
do ódio, do ressentimento, da revolta, dilata-nos as veias da fronte;
envenena-nos as células; faz adoecer, dia após dia, o corpo e a alma.
O mal é
extremamente desconfortável, eis a verdade. Mais uma das razões pelas quais entendemos
que ele não tem como prevalecer na Terra.
Embora possa
trazer aparentes vantagens num primeiro momento, com o passar
do tempo ele nos cansa, nos enfraquece.
A essência do bem,
pelo contrário, nos torna mais leves e nos concede prazeres duráveis e autênticos.
Foi-se o tempo em
que precisávamos responder violência com violência.
Foi-se o tempo em
que o ataque era a melhor defesa, lembrando certas técnicas bélicas tão
cultuadas.
Foi-se a Era da
lei do mais forte.
São chegados os
tempos do reino do amor, de colocar em prática, sem medo, o ensino do Ofereça
a outra face. E a outra face da máscara do mal é a essência do bem,
que todos temos em nosso íntimo.
Tal como pedra a
ser lapidada, a essência divina habita a intimidade de nosso Espírito imortal,
e aguarda chance de luzir para nunca mais se apagar.
Se, em outras
épocas, os guerreiros que mais resistiam aos inimigos eram aqueles que
carregavam a máscara do mal, do ódio fulminante, hoje, tal sucesso se dará para
os que optarem pelo bem e, em nome do bem, se opuserem ao mal.
A todo instante
caem os guerreiros do mal, entendendo finalmente que o bem há de reinar. E o
que parece derrota num primeiro momento, mostra-se como vitória, logo em
seguida.
Vitória do homem
sobre ele mesmo. Vitória da virtude sobre a imperfeição. Da luz sobre a treva.
Na obra A
Gênese, Allan Kardec discorre sobre a temática da origem do bem e do mal, e
apresenta o seguinte raciocínio:
Deus,
todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia
o remédio.
Um
momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao
homem a necessidade de mudar de vida.
Instruído
pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre
por efeito do seu livre-arbítrio.
Quando
toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do
outro.
A
necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz,
do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua
existência.
Redação do Momento
Espírita, com citação do item 7, do cap. III, do livro A gênese, de
Allan Kardec, ed. FEB. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP.
Em 6.10.2020.
.Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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