É muito comum, ainda, o desespero tomar
conta dos familiares quando a sombra da morte paira sobre o lar e arrebata um
dos seus membros.
Pais ficam desarvorados, como se o chão
lhes tivesse sido retirado e eles não têm onde pisar.
Meu filho era a razão da minha vida!
Não consigo viver sem ele! – Dizem, entre a revolta e a angústia.
Mães insistem em deixar o quarto, o
escritório, todos os pertences do filho amado, exatamente como se encontravam,
no momento da partida dele para o além.
É como se nutrissem a esperança de seu
regresso, a qualquer momento, para continuar a se utilizar de tudo o que se
servia até há pouco.
Esposos lesados com a ausência do
cônjuge derramam lágrimas intermináveis sobre o cadáver, quando não fazem
indagações em tom de acusação: Por que você fez isso comigo? Por que me deixou?
Essas atitudes e outras assemelhadas
têm a ver com a forma como fomos educados. E, consequentemente, educamos nossos
filhos.
Ora, a única certeza que se tem, neste
mundo, é de que quem nasce, mais dia, menos dia, haverá de morrer.
De forma paradoxal, é aquilo com que
menos nos preocupamos. Não falamos a respeito da morte, não explicamos aos
pequenos o que é a morte.
Se morre o seu bichinho de estimação,
depressa vamos comprar outro, igualzinho, a fim de que a criança não perceba o
que aconteceu.
Melhor seria deixá-la ter o contato com
o fenômeno, utilizando o momento ideal para a educação para a morte.
A criança poderá chorar, mas entenderá
que todos os seres vivos morrem um dia. E dentro de si, com o amparo dos pais,
poderá muito bem administrar a dor da ausência.
Um exercício que lhe servirá no futuro
porque ela caminhará no mundo como quem sabe que a vida física não é eterna.
Dessa forma, quando a morte abraçar
alguém que ela ama, sofrerá a ausência, chorará a dor da distância que se
apresenta, mas não se deixará sorver pelo caos mental, por saber que esse é o
ciclo normal da vida.
Determinada propaganda que valoriza o
correto processo educacional mostra uma criança olhando o peixinho no aquário.
Ele está imóvel, de barriga para cima.
A mãozinha miúda bate no aquário, como tentando despertá-lo.
A mãe se aproxima e agora o cenário
passa para imagens que ela descreve: o peixinho abre os olhos e percebe peixes
alados que voam entre nuvens.
Às costas de um deles, realiza um breve
percurso. Despede-se, quando chega a um grande portal, sugerindo um local de
delícias.
Logo mais reencontra uma fêmea de sua
mesma espécie.
Tocam-se as barbatanas e assim,
adentram o grande portal da felicidade.
A cena retorna para a criança e a mãe.
Os olhos do pequeno brilham, ele sorri e diz:
Que legal, mãe! Então, foi isso que
aconteceu?
E um grande abraço conclui o diálogo.
Eis aí a desmistificação da morte como
a megera terrível, insaciável, que arrebata os amores e os transporta a lugares
ignorados.
Pensemos nisso e comecemos a elaborar
quadros mentais a respeito da morte, diversos desses sombrios com que sempre a
vestimos.
Vamos além e comecemos a ensinar aos
nossos filhos o que é o fenômeno natural da morte e o adentrar na vida imortal.
Redação do Momento
Espírita.
Disponível no livro
Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 11.9.2019.
Luz, Amor e
Gratidão
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